26 de abr. de 2010

Amor excessivo à arte desnecessária


A ameaça de que há alguns anos todas as produções cinematográficas podem estrear nas telonas em três dimensões já me faz sentir saudade do que um dia foi, e hoje é 2D.


Mesmo que digo isso sem ter assistido Avatar, filme responsável por disseminar a idéia de que algo visto em seu comprimento, altura e profundidade trás mais emoção e sensações complexas de espaço, reafirmo que já sinto saudade do 2D.



A indústria cultural cinematográfica já peca muitas vezes por produzir filmes que deixam a desejar no conteúdo se este for comparado ao orçamento gasto em efeitos que se sobrepõe facilmente à história, criando então um espetáculo cheio de vazios tecnológicos.



Seriam as produções undergrounds, feitas por mentes brilhantes e com baixo custo a grande salvação para que o cinema não perca sua essência para as seqüências de efeitos especiais extrapoladas que rondam os próximos roteiros aguardados pelo público? Não.



Não passa pelo pensamento da maioria das pessoas que procuram salas de cinema como lazer para toda a família, gastar o dinheiro do passeio de final de semana com um filme de história às vezes complexa demais ou não, justamente pela simplicidade com a qual foi produzida, e muito menos que não apresente nenhum atrativo que foge a realidade para descrever uma simples caminhada que seja ou uma briga vista por um ângulo que os olhos por si só jamais conseguiriam enxergar. É preciso mais.



Imagine o quanto renderia uma seqüência de tiros, onde é possível enxergar cada bala em efeito slow motion (câmera lenta) e com um truque de câmera que capta a cena em movimentos circulares capaz de trazer a sensação alucinada do personagem, que corre dos perigos encontrados em uma estrada abandonada, cheia de galhos que arranham o rosto do protagonista que agora parece estar representado na face do espectador, ou na idéia de que esse se encontra dentro da história graças à maravilhosa visão que um óculos especial pode proporcionar. Renderia milhões ou quem sabe bilhões. Isso eu aposto.




Qual o espaço que sobra para os filmes que usam apenas os artefatos da fantástica realidade para se tornarem obra que justifica os aplausos da minoria? Bom um espaço pequeno, que caberia apenas na metade das linhas que escrevi minha indignação pelo amor ou necessidade à arte desnecessária e exagerada.



Esse texto não foi escrito com a intenção de ser interpretado como uma crítica de cinema em hipótese alguma, mas sim como uma crítica a quem consome um produto cultural somente pelo seu lado comercial o que serve para quem produz também. É preciso considerar todos os outros pontos onde um filme pode ser enriquecido não só de artifícios tecnológicos, mas de conteúdo principalmente.



Dessa forma fica a afirmação de que o futuro dos bons filmes está na mão de um público menor e de certa forma mais seleto, porém o responsável pela grande mudança de concepção entre arte e conceito é o grande público, esse sim capaz de promover uma revolução que preza mais para a conservação da simplicidade do que pela tecnologia em seu estado puro.





Texto escrito pela querida @JosiWoodstock que esteve em uma pequena temporada de férias no PopNutri e aceitou este humilde blog para publicar seu texto!


2 comentários:

  1. O problema não é o cinema 3D, mas o filme 3D sem história.

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  2. Eu concordo com você e com o Murilo.

    O problema não é a tecnologia 3D e sim o que se faz dela. Fazem dela apenas o uso comercial, a história do filme fica pra depois, tornando-se fraca. O maior exemplo disso foi o Avatar.

    O 3D tem que ser um algo a mais, algo que venha agregar ao filme, não que seja o principal do filme! Avatar mais uma vez.

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